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sábado, 2 de dezembro de 2017

Catecismo de São Pio X: Dos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja - Capítulo III Dos mandamentos que se referem ao próximo

Capítulo Anterior: Dos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja - Capítulo II Dos Mandamentos que se referem a Deus





Terceira Parte
Dos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja


Capítulo III

Dos Mandamentos que se ao próximo



§ 1o - Do quarto Mandamento da Lei de Deus


399) Que nos ordena o quarto Mandamento: honrar pai e mãe?
O quarto Mandamento: honrar pai e mãe, ordena-nos respeitar o pai e a mãe, obedecer-lhes em tudo o que não é pecado, e auxiliá-los em suas necessidades espirituais e temporais.


400) Que nos proíbe o quarto Mandamento?
O quarto Mandamento proíbe-nos ofender os nossos pais com palavras, obras, ou de qualquer outra maneira.


401) Debaixo do nome de pai e de mãe, que mais pessoas compreende este Mandamento?
Debaixo do nome de pai e de mãe, este Mandamento também compreende todos os legítimos superiores tanto eclesiásticos como seculares, aos quais portanto devemos obedecer e respeitar.


402) De onde vem aos pais a autoridade demandar nos filhos, e aos filhos a obrigação de lhes obedecer?
A autoridade que os pais têm de mandar nos filhos, e a obrigação que têm os filhos de obedecer, vêm-lhes de Deus que constituiu e ordenou a família, a fim de que nela o homem encontre os primeiros meios necessários para o seu aperfeiçoamento material e espiritual.


403) Têm os pais deveres para com os filhos?
Os pais têm o dever de amar, cuidar e alimentar seus filhos, de prover à sua educação religiosa e civil, de dar-lhes o bom exemplo, de afastá-los das ocasiões de pecado, de corrigi-los nas suas faltas, e de auxiliá-los a abraçar o estado para o qual são chamados por Deus.


404) Deu-nos Deus o modelo da família perfeita?
Deus nosdeu o modelo da família perfeita na Sagrada Família, na qual JesusCristo viveu sujeito a Maria Santíssima e a São José até aos trinta anos, isto é, até quando começou a desempenhar amissão que o Padre Eterno Lhe confiara, de pregar o Evangelho.




405) Poderiam as famílias, se vivessem isoladamente uma das outras, prover a todas as suas necessidades materiais e morais?
Se as famílias vivessem isoladamente umas das outras, não poderiam prover às suas necessidades, e é necessário o que elas se unam em sociedade civil, a fim de se auxiliarem mutuamente, para o seu aperfeiçoamento e para sua felicidade comum.


406) Que é a sociedade civil?
A sociedade civil é a reunião de muitas famílias, dependentes da autoridade de um chefe, para se auxiliarem reciprocamente a conseguir o mútuo aperfeiçoamento e a felicidade temporal


407) De onde vem à sociedade civil a autoridade que a governa?
A autoridade que governa a sociedade civil vem de Deus, que a quer constituída para o bem comum.


408) Há obrigação de respeitar a autoridade que governa a sociedade civil e de lhe prestar obediência?
Sim, todos os que pertencem à sociedade civil, têm obrigação de respeitar a autoridade e de lhe obedecer, porque esta autoridade vem de Deus, e porque assim o exige o bem comum.


409) Devem respeitar-se todas as leis que são impostas pela autoridade civil?
Devem respeitar-se todas as leisque a autoridade civil impõe, desde que não sejam contrárias à Lei de Deus, pois esta é a ordem e o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo.


410) Além do respeito e da obediência às leis impostas pela autoridade, os que formam parte da sociedade civil têm mais alguns deveres?
Os que formam parte da sociedade civil, além da obrigação de respeitar e obedecer às leis, têm o dever de viver em harmonia e de procurar, segundo suas possibilidades, que a sociedade seja virtuosa, pacífica, ordenada e próspera para o proveito comum, com vistas à salvação eterna dos indivíduos.


§ 2o - Do quinto Mandamento da Lei de Deus


411) Que nos proíbe o quinto Mandamento: não matar?
O quinto Mandamento: não matar, proíbe dar a morte ao próximo, nele bater ou feri-lo, ou causar qualquer outro dano no seu corpo, por nós ou por meio de outrem. Proíbe também ofendê-lo com palavras injuriosas e querer-lhe o mal. Neste Mandamento Deus proíbe ainda ao homem dai, a morte a si mesmo, isto é, o suicídio.


412) Por que é pecado grave matar o próximo?
Porque o que mata usurpa temerariamente o direito que só Deus tem sobre a vida do homem; porque destrói a segurança da sociedade humana, e porque tira ao próximo a vida, que é o maior bem natural que ele tem neste mundo.


413) Haverá casos em que seja lícito matar o próximo?
É lícito tirar a vida do próximo: durante o combate ein guerra justa; quando se executa por ordem da autoridade suprema a condenação à morte em castigo de algum crime; e finalmente quando se trata de necessária e legítima defesa da vida, no momento de uma injusta agressão.


414) No quinto Mandamento proíbe também Deus fazer mal à vida espiritual do próximo?
Sim, Deus no quinto Mandamento proíbe também fazer mal à vida espiritual do próximo com o escândalo.


415) Que é o escândalo?
O escândalo é toda palavra, ação ou omissão, que é ocasião . ao para os outros de cometerem pecados.


416) É pecado grave o escândalo?
O escândalo é um pecado grave, porque tende a destruir a maior obra de Deus, que é a redenção, com a perda das almas: pois que ele dá ao próximo a morte da alma tirando-lhe a vida da graça, que émais preciosa que a vida do corpo; e porque é causa de uma multidão de pecados. Por isso, Deus ameaça os escandalosos com os mais severos castigos.


417) Por que no quinto Mandamento Deus proíbe ao homem dar a morte a si mesmo, isto é, suicidar-se?
No quinto Mandamento Deus proíbe o suicídio, porque o homem não é senhor da sua vida, como o não é da dos outros. A Igreja, por seu lado, castiga o suicida com a privação da sepultura eclesiástica.


418) É proibido no quinto Mandamento também o duelo?
Sim, o quinto Mandamento proíbe também o duelo, porque o duelo participa da malícia do suicídio e do homicídio, e fica excomungado todo o que voluntariamente nele toma parte, ainda que seja como simples espectador.


419) É também proibido o duelo, quando é excluído o perigo de morte?
Sim, é também proibido este duelo, porque não só não podemos matar, mas nem sequer ferir voluntariamente a nós mesmos ou a outrem.


420) Pode a defesa da honra justificar o duelo?
Não. Porque é falso que no duelo se repare a ofensa, e porque não se pode reparar a honra com uma ação injusta, irracional e bárbara, qual é o duelo.


421) Que nos ordena o quinto Mandamento?
O quinto Mandamento ordena-nos que perdoemos aos nossos inimigos e queiramos bem a todos.


422) Que deve fazer quem danificou o próximo na vida do corpo, ou na da alma?
Quem danificou o próximo, não basta que se confesse, mas deve também reparar o mal que fez, compensando o próximo dos danos que lhe causou, retratando os erros que lhe ensinou, e dando-lhe bom exemplo.


§ 3o - Do 6o e do 9o Mandamentos da Lei de Deus


423) Que nos proíbe o sexto Mandamento: não pecar contra a castidade?
O sexto Mandamento: não pecar contra a castidade, proíbe qualquer ação, palavra ou olhar contrários à santa pureza, e a infidelidade no matrimônio.


424) Que nos proíbe o nono Mandamento?
O nono Mandamento proíbe expressamente todo o desejo contrário à fidelidade que os cônjuges se juraram ao contrair matrimônio; e proíbe também todo o pensamento culpável e todo desejo de ação proibida pelo sexto Mandamento.


425) É um grande pecado a impureza?
É um pecado gravíssimo e abominável diante de Deus e dos homens; rebaixa o homem à condição dos irracionais, arrasta-o a muitos outros pecados e vícios, e provoca o, mais terríveis castigos de Deus nesta vida e na outra.


426) São pecados todos os pensamentos que nos vêm ao espírito contra a pureza?
Os pensamentos que nos vêm ao espírito contra ti pureza, por si mesmos não são pecados, mas antes tentações e incentivos ao pecado.


427) Quando são pecados os maus pensamentos?
Os maus pensamentos, ainda que não sejam seguidos de ação, são pecados, quando culpavelmente lhes damosmotivo, ou neles consentimos, ou nos expomos ao perigo próximo de neles consentir.


428) Que nos ordenam o sexto e o nono Mandamentos?
O sexto Mandamento ordena-nos que sejamos castos e modestos nas ações, nos olhares, no porte e nas palavras. O nono Mandamento ordena-tios que sejamos castos e puros, ainda mesmo tio nosso íntimo, isto é, tia alma e no coração.


429) Que devemos fazer para observar o sexto e o nono Mandamentos?
Para bem observarmos o sexto e o nono Mandamentos, devemos invocar freqüentermente e de todo o coração a Deus, ser devotos de Maria Virgem, Mãe da pureza, lembrar- nos de que Deus nos vê, pensar ria morte, nos castigos divinos, tia Paixão de Jesus Cristo, guardar os nossos sentidos, praticar a mortificação cristã, e freqüentar os sacramentos corri as devidas disposiçoes.


430) Que devemos evitar para nos conservarmos castos?
Para nos conservarmos castos, devemos evitar a ociosidade, os maus companheiros, as más leituras, a intemperança, o olhar para figuras indecentes, os espetáculos licenciosos, os bailes, as conversas e diversões perigosas, bem como todas asdemais ocasiões de pecado.


§ 4o - Do sétimo Mandamento da Lei de Deus



431) Que nos proíbe o sétimo Mandamento: não furtar?
O sétimo Mandamento: não furtar, proíbe tirar ou reter injustamente as coisas alheias, e causar dano ao próximo nos seus bens de qualquer outro modo.


432) Que quer dizer furtar?
Furtar quer dizer: tirar injustamente as coisas alheias contra a vontade do dono, quando ele tem toda a razão e todo o direito de não querer ser privado do que lhe pertence.


433) Por que se proíbe o furtar?
Porque se peca contra a justiça, e se faz injúria ao próximo, tirando e retendo, contra o seu direito e contra a sua vontade, o que lhe pertence.


434) Que são as coisas alheias?
São todas as coisas que pertencem ao próximo, das quais tem a propriedade ou o uso, ou simplesmente as tem em depósito.


435) De quantos modos se tiram injustamente as coisas alheias?
De dois modos: com o furto e com o roubo.


436) Como se comete o furto?
Comete-se o furto tirando ocultamente as coisas alheias.


437) Como se comete o roubo?
Comete-se o roubo tirando com violência ou manifestamente as coisas alheias.


438) Em que casos se podem tirar as coisas alheias, sem cometer pecado?
Quando o dono se não opõe, ou então, quando se opõe injustamente, como aconteceria se alguém estivesse em extrema necessidade, contanto, que tirasse só o que lhe é estritamente necessário para suprir à necessidade urgente e extrema.


439) È só com o furto e com o roubo que se prejudica o próximo nos seus bens?
Prejudica-se também com a fraude, com a usura e com outra qualquer injustiça contra os seus bens.


440) Como se comete a fraude?
Comete-se a fraude enganando o próximo no comércio com pesos, medidas ou moedas falsas, ou com gêneros deteriorados; falsificando escrituras e documentos; em suma, fazendo falsidades nas compras, nas vendas ou em qualquer outro contrato, e ainda quando se não quer dar o preço justo ou o preço combinado.


441) De que modo se comete a usura?
Comete-se a usura exigindo sem titulo legítimo um juro ilícito por uma quantia emprestada, abusando da necessidade ou da ignorância do próximo.


442) Que outras injustiças se cometem contra os bens do próximo?
São injustiças fazê-lo perder injustamente o que tem, danificá-lo nas suas propriedades, não trabalhar como se deve, não pagar, por malícia, as dívidas e mercadorias compradas, ferir ou matar os animais do próximo, estragar ou deixar estragar-se o que se tem em depósito, impedir alguém de auferir um lucro justo, auxiliar os ladrões, e receber, esconder ou comprar as coisas roubadas.


443) É pecado grave roubar?
É um pecado grave contra a justiça quando se trata dematéria grave, porque é de suma importância que seja respeitado o direito que cada um tem sobre os próprios bens, e isto para bem dos indivíduos, das famílias e da sociedade.


444) Quando é grave a matéria do furto?
É grave quando se tira coisa importante, e ainda quando, tirando-se coisa de pouca monta, o próximo sofre com isso grave dano.


445) Que nos ordena o sétimo Mandamento?
O sétimo Mandamento ordena-nos que respeitemos as coisas alheias, que paguemos o justo salário aos operários, e que observemos a justiça ein tudo o que se refere à propriedade alheia.


446) Quem pecou contra o sétimo Mandamento, basta que se confesse disso?
Quem pecou contra o sétimo Mandamento, não basta que se confesse, mas é necessário que faça o que puder para restituir as coisas alheias e reparar os danos causados ao próximo.


447) Que é a reparação dos danos causados?
A reparação dos danos causados é a compensação que se deve dar ao próximo pelos frutos e lucros perdidos por causa do furto e das outras injustiças cometidas ein seu prejuízo.


448) A quem se devem restituir as coisas roubadas?
Àquele a quem se roubaram; aos seus herdeiros, se já tiver morrido; e se isso for verdadeiramente impossível. deve-se dar o seu valor aos pobres e a obras pias.


449) Que se deve fazer, quando se acha alguma coisa de grande valor?
Deve-se empregar grande diligência para achar o dono, e restituir-lhe fielmente.


§ 5o - Do oitavo Mandamento da Lei de Deus


450) Que nos proíbe o oitavo Mandamento: não levantar falso testemunho?
O oitavo Mandamento: não levantar falso testemunho, proíbe-nos atestar falsidade em juízo; proíbe também a detração ou murmuração, a calúnia, a adulação, o juízo e a suspeita temerários, e toda espécie de mentiras.


451) Que é a detração ou murmuração?
A detração ou murmuração é um pecado que consiste em manifestar, sem justo motivo, os pecados ou defeitos alheios.


452) Que é a calúnia?
A calúnia é um pecado que consiste em atribuir maliciosamente ao próximo culpas e defeitos que não tem.


453) Que é a adulação?
A adulação é um pecado que consiste em enganar urna pessoa, dizendo-lhe falsamente bem dela mesma ou de outra, com o fim de tirar daí algum proveito.


454) Que é o juízo ou suspeita temerária?
O juízo ou suspeita temerária é um pecado que consiste em julgar ou suspeitar mal dos outros, sem justo fundamento.


455) Que é a mentira?
A mentira é um pecado que consiste em afirmar como verdadeiro ou como falso, por meio de palavras ou de ações, o que se julga não ser assim.


456) De quantas espécies é a mentira?
A mentira é de três espécies: jocosa, oficiosa e nociva.


457) Que é a mentira jocosa?
Mentira jocosa é aquela pela qual se mente por gracejo e sem prejuízo para ninguém.


458) Que é a mentira oficiosa?
Mentira oficiosa é a afirmação de urna falsidade para utilidade própria ou alheia, sem prejuízo para ninguém.


459) Que é a mentira nociva?
Mentira nociva é a afirmação de uma falsidade com prejuízo do próximo.


460) É lícito alguma vez mentir?
Nunca é lícito mentir nem por gracejo, nem para proveito próprio ou alheio, porque é coisa má por si mesma.


461) Que pecado é a mentira?
A mentira, quando é jocosa ou oficiosa, é pecado venial; mas, quando é nociva, é pecado mortal, se o prejuízo que causa é grave.


462) É necessário dizer sempre tudo conforme se pensa?
Não. Nem sempre é necessário, especialmente quando quem pergunta não tem o direito de saber o que pergunta.


463) Quem pecou contra o oitavo Mandamento, basta que se confesse?
Quem pecou contra o oitavo Mandamento, não basta que confesse o seu pecado, mas é também obrigado a retratar tudo o que disse caluniando o próximo, e a reparar, do melhor modo que possa, os danos que lhe causou.


464) Que nos ordena o oitavo Mandamento?
O oitavo Mandamento ordena-nos que digamos oportunamente a verdade, e que interpretemos em bom sentido, tanto quanto pudermos, as ações do nosso próximo.


§ 6o - Do décimo Mandamento da Lei de Deus


465) Que nos proíbe o décimo Mandamento: não cobiçar as coisas alheias?
O décimo Mandamento: não cobiçar as coisas alheias, proíbe o desejo de privar o próximo dos seus bens, e o desejo de adquirir bens por meios injustos.


466) Por que Deus proíbe o desejo dos bens alheios?
Deus proíbe-nos o desejo dos bens alheios, porque Ele quer que nós, até interiormente, sejamos justos, e nos conservemos cada vez mais afastados das ações injustas.


467) Que nos ordena o décimo Mandamento?
O décimo Mandamento ordena-nos que nos contentemos com o estado em que Deus nos colocou, e que soframos com paciência a pobreza, quando Deus nos queira neste estado.


468) Como pode o cristão estar contente na pobreza?
O cristão pode estar contente mesmo na pobreza, considerando que o maior de todos os bens é a consciência pura e tranqüila, que a nossa verdadeira pátria é o céu, e que Jesus Cristo se fez pobre por amor de nós, e prometeu um prêmio especial a todos aqueles que suportam com paciência a pobreza.


SÃO PIO X. Catecismo Maior de São Pio X. Edições São Tomás, 2010. Rio de Janeiro: Permanência, 1905.

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